Uma médica que atua Saúde Pública de Cuiabá revelou que, nos últimos meses, quatro pacientes diabéticos, atendidos na unidade onde ela trabalha, tiveram que amputar pés e pernas por estarem com a doença sem acompanhamento adequado.

O relato da médica ocorre em meio ao escândalo dos medicamentos vencidos na rede municipal. Uma inspeção feita pelos conselhos Federal e Regional de Farmácia, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), constatou 4.386.185 comprimidos vencidos no Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá (CDMIC).

Destes, 2,7 milhões de unidades são de Cloridrato de Metformina, medicamento utilizado para tratamento de diabetes.

Na nossa unidade, quatro pessoas que já amputaram a perna e pés por conta da diabetes descompensada

A médica – que teve a identidade preservada – deu depoimento ao Núcleo do Patrimônio Público da Capital, do MPE, em novembro deste ano.

“Na nossa unidade, quatro pessoas que já amputaram a perna e pés por conta da diabetes descompensada. Sem um tratamento adequado e sem cuidado adequado especialistas de pés, e sem lugar para fazer esse tratamento”, disse a especialista.

Ela afirmou que atua há quase 30 anos na Saúde Pública da Capital e nunca viu tamanho caos do setor.

O escândalo dos medicamentos vencidos na Capital é alvo de investigação no MPE e na polícia civil.

Flagra

Em abril de 2021, um grupo de vereadores de oposição ao prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) foi até o CDMIC e flagrou centenas de medicamentos vencidos.

À época, a CPI dos Remédios Vencidos foi instalada na Câmara e de uma ação do Ministério Público Estadual (MPE) por suposto direcionamento na licitação para a gestão do CDMIC foi aberta. A empresa Norge Pharma, era responsável pela administração do CDMIC à época.

Em agosto de 2021, após uma onda de escândalos, a prefeitura rescindiu o contrato com a empresa.